quarta-feira, 23 de novembro de 2011

AUTO AJUDA BARATA


Nunca se entregue inteiro a quem te retribui apenas com metade. O equilíbrio é essencial em tudo nesta vida, quando você oferta demais e recebe de menos é hora de parar e repensar essa relação, seja ela do que for: amor, amizade, etc. Se você insiste em permanecer neste relacionamento desigual, certamente está investindo na dor, no não crescimento, na desventura e deixando de lado as possibilidades de outras coisas boas que podem vir a acontecer bem ali, naquela esquina inesperada da vida.

Geralmente a parte que recebe menos se sente de alguma forma não merecedora da reciprocidade e do equilíbrio daí decorrente, mas acredite, não há nada de errado com você. Temos que aceitar que algumas pessoas simplesmente não possuem capacidade de alimentar uma relação satisfatória com outras, elas sempre deixam a desejar. São colecionadoras de relações frustradas, transitórias e rasas com diversas pessoas antes de você. Nada vai mudar esse ser humano, ele é coxo emocionalmente por algum motivo, mas se você não for terapeuta, esqueça-o. Mude o foco.

Parece absurdo porque esquecer não é fácil, o indivíduo em questão também possui qualidades que o tornam atraente aos seus olhos, mas observe que elas são superficiais, sempre. É uma ilusão, truque de mágica e se você olhar bem de perto vai perceber que os indícios estavam ali desde o início, como uma sombra ali, uma ponta acolá, sinais mal disfarçados que você insistiu em ignorar. 

Receita para se desvincular desta relação não existe, mas tudo que siga na direção de desmistificar o conceito de que este outro é merecedor do seu afeto pode ajudar. Então vale desde fazer listinhas de defeitos até check-list de todas as vezes em que foi decepcionado. Quando o cérebro resolver mostrar uma sessão da tarde de algum raro bom momento, tenha pronta a sua própria cópia do filme de terror que ocupa a maior parte das sessões do cinema de vocês. Vai por mim,  você se desvencilha deste atraso na sua vida. Quem está acima no caminho da evolução, não deve voltar para buscar alguém que ainda está abaixo na escala evolutiva. Não atrase seus passos e você encontrará alguém que caminha no mesmo nível que você em algum ponto da estrada. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

AGRADECIMENTO

Estas fotos são um agradecimento a T. que me enviou maravilhosos livros de presente. Sei que ele se chateou com a greve dos Correios porque estava ansioso por cumprir sua palavra e foi além, prometeu dois e enviou quatro. E como tudo vem a seu tempo, este mimo chegou num momento em que estou precisando de afagos e mais que livros, eles são carinho, ternura, amizade e presença. Perdoe me o silêncio de tantos dias e receba minha gratidão. 

sábado, 12 de novembro de 2011

A CORDA SOBRE O ABISMO


Perto do meio dia o céu estava escuro, denso, baixo. O ar abafado sufocava e condizia com a tristeza embolada em minha garganta. Queria me esconder, queria fugir do medo tão denso e baixo quanto as nuvens carregadas que poderiam se quebrar e desabar num temporal a qualquer segundo. Caminhei para casa com passos miúdos e rápidos, toda a papelada apertada contra o peito num envelope marron, amarrotado, cheio dos piores fantasmas. Outro pequeno envelope continha promessas de felicidade e ternura, mas era tão leve que mal se percebia. Temia encontrar algum conhecido, mas felizmente a iminencia da tempestade de verão mantinha as pessoas na segurança de seus lares.

Não olho para os cachorros que saltitam a minha presença. Eles farejam a indiferença e voltam a suas cachorrices anteriores. Destranco a porta e uma corrente de vento entra  comigo, ao mesmo tempo em que o céu desaba num fervor de vento, água e raios. Enquanto escancaro as janelas, observo a correria pela vizinhança, todos se  trancam para evitar o aguaceiro. Devo parecer louca. D. Cotinha grita algo que não consigo entender, por causa do barulho e da exuberância das forças da natureza. Recebo uma rajada de água fria no rosto e acolho isto como se buscasse a força que está além de mim para enfrentar o medo que esmaga meus pulmões.

Sem me importar por estar parcialmente encharcada, acendo o pequeno fogareiro e penso  em queimar todo o conteúdo do grande e ameaçador envelope marron. Observo as chamas azuladas e vagarosamente estendo a mão para alcançar a vasilha com água e preparar um chá solitário. Deposito a xícara azul clarinho com florzinhas amarelas sobre a bancada delicadamente, sentindo a segurança que esse simples gesto me traz por saber que aquela louça esta na família a muito tempo, parte de um jogo de chá que pertecera a minha avó. Sei que não é racional esse sentimento, mas é como se a eternidade estivesse contida naquela xícara tão frágil e capaz de durar tanto.  E não uma simples eternidade, mas uma eternidade boa, doce, aromática como chá de morango.

Chá de morango. Você pode enfrentar quase tudo após uma boa chávena de chá de morango, encorpado e perfumoso. Escolho cuidadosamente o sache, aproximo-o do nariz para sentir -lhe a validade. A marca é boa, mas o cheiro que exala do sache tem que estar íntegro para garantir que a qualidade e o sabor estarão inalterados e pensar nestas coisas do cotidiano me parece extremamente agradável agora.

Ouço o previsível e reconfortante chiar da água, murmurando que está no ponto. Antecipo o prazer da degustação, enquanto derramo o líquido na xícara e o sache solta aroma e sabor espalhando um veio colorido que aos poucos funde-se a água, deixando de existir ambos para dar origem ao chá fumegante.

Carrego a xícara entre as mãos em concha, para aquecê-las. Puxo a manta da poltrona e enrolo sobre meus ombros. Diante de meus olhos, emoldurada pela janela, a tempestade  lança as árvores de um lado para outro tentando arrancá-las, mas elas resistem. O espetáculo me fascina, me faz prender a respiração, sinto um nó na garganta. Não sei por quanto tempo apenas observo, mas os ventos diminuem e dou me conta de que apenas a chuva chora sobre a terra. Tenho finalmente lágrimas em meus olhos. Choro junto com a natureza, ou ela chora comigo, não tenho como sabê-lo, mas também eu sou parte deste ciclo de vida e morte que todos os dias tão banalmente se repete no planeta.

Os envelopes estão ainda sobre o aparador e tomo  chá de morango em  goles súbitos que descem quentes em minha garganta, enquanto as lágrimas rolam mornas sobre minha face.  Tantos extremos e possibilidades ambos escondem: no pequeno há um presente dele, uma promessa de recomeço, no outro a possibilidade da dor e do fim, ovo de víbora. O chá parece perder o sabor e alcanço o envelope com uma das mãos. Está meu nome, digitado em fonte times new roman, justo esse modelo de letra, que nunca me agradou. Acho que pensar nesses detalhes insignificantes agora é um modo de não pensar no conteúdo. Parece leve demais, para uma importancia tão grande. Fico furiosa comigo mesma: como posso me deter em leviandades? Esperava que fosse um compêndio ou um tratado? Atiro longe o maldito envelope, entro no chuveiro e ainda vestida sinto a água morna escorrer pelo meu corpo, enquanto soluço, em mais uma tão familiar crise de autopiedade que se abate sobre mim nos últimos meses.

Não sei quanto tempo passei chorando, nem em qual momento a decisão foi tomada e o chuveiro desligado. Enxuguei e observei meu corpo, com uma calma estranha, olhando aqueles braços finos como se não fossem meus. Todas aquelas marcas. Uma história capaz de estourar a caneta e fazer sobrar na pele os traços arroxeados, esverdeados, amarelados, quase um arco-íris.

Organizo primeiro a frasqueira. Tantas pílulas que sobra pouco espaço para os produtos de beleza, que de qualquer forma, quase nunca me lembro de usar. Depois a mala. Decido que a quero leve. Nada que me faça perder tempo, apenas o necessário para manter-me aquecida e a salvo de olhares especulativos. Somente um livro, que depois de lido, substituirei por outro em um sebo qualquer.

Para a doutora, um bilhete e a devolução do envelope grande. Chega de tratamentos, não me importa se reduziu, se diminuiu, não quero saber. Seis meses  lutando, variando a paisagem entre uma janela de hospital e outra, observando as cores dos remédios,  vomitando minha alma e fazendo planos para quando ficar curada. Nada de novo aconteceu e dentro de mim ainda mora meu inimigo número um. Então, cara doutora, por enquanto, a dor ainda é controlável e consigo viver.  Retornarei para os cuidados finais. Antes disso, viajarei pelo mundo. Cantarei em volta de uma fogueira, dançarei, irei num karaokê, tomarei banho de chuva, farei amor.
Por alguns segundos, penso na reação de minha médica e amiga. Mas sei que a ruga na testa, se transformará em um sorriso, porque ela conhece minha determinação e acredita em minha cura tanto quanto acredita num macaco falante que lê o futuro. Coloco o grande envelope lacrado, dentro de outro, endereçado ao consultório.  Deposito na caixa de correio.


Abro gentilmente o pequeno envelope, como se o conteúdo pudesse escapar. E de fato, ele voa como uma andorinha pela sala. Meu cruzeiro. O nosso cruzeiro. Chamo um táxi. Fecho tudo. Aviso D. Cotinha que não precisa me vigiar mais. Parto para a vida.  A morte vai ao meu lado, mas quem se importa? Vou morrer, vivendo.

domingo, 30 de outubro de 2011

CARTAS

1 . CARTA DE KHALIL GIBRAN A MARY HASKELL


10 de Septiembre de 1920

Para vivir es necesario coraje. Tanto la semilla intacta como la que rompe su cáscara tienen las mismas propiedades. Sin embargo, sólo la que rompe su cáscara es capaz de lanzarse a la aventura de la vida.

Esta aventura requiere una única osadía: descubrir que no se puede vivir a través de la experiencia de los otros, y estar dispuesto a entregarse. No se puede tener los ojos de uno, los oídos de otro, para saber de antemano lo que va a ocurrir; cada existencia es diferente de la otra.

No importa lo que me espera, yo deseo estar con el corazón abierto para recibir. Que yo no tenga miedo de poner mi brazo en el hombro de alguien, hasta que me lo corten. Que yo no tema hacer algo que nadie hizo antes. Déjenme ser tonto hoy, porque la tontería es todo lo que tengo para dar esta mañana; me pueden reprender por eso, pero no tiene importancia. Mañana, quién sabe, yo seré menos tonto.

Cuando dos personas se encuentran, deben ser como dos lirios acuáticos que se abren de lado a lado, cada una mostrando su corazón dorado, y reflejando el lago, las nubes y los cielos. No logro entender porqué un encuentro genera siempre lo contrario de esto: Corazones cerrados y temor a los sufrimientos.

Cada vez que estamos juntos, conversamos durante cuatro, seis horas seguidas. Si pretendemos pasar juntos todo este tiempo, es importante no tratar de esconder nada, y mantener los pétalos bien abiertos. Yo te amo Mary, Khalil

La relación entre tu y yo es lo más hermoso que me ha sucedido en la vida. Es la cosa más maravillosa que yo haya conocido en cualquier vida. Es eterna.

De: "El Diario de Mary Haskell" , Septiembre 11, 1922.


2 DE LORD T. PARA ISABEL DE ORLEANS

Cara Senhora D. Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon

O momento faz com que eu tenha que me ausentar do reino por uns dias e antes da partida sinto vossa ausência na minha carne. Sei que compreendes a urgencia que se apresenta e a relação com o delicado momento em que vive este vosso vassalo.
Não ouso levantar meus olhos antes de partir e nem derramar uma lágrima para não deixá-la na mais atroz agonia. Mesmo não podendo vê-la, tão logo meu navio atraque em algum porto escrever-te-ei outra missiva, com toda certeza ainda mais saudosa.
Procurarei aproveitar a viagem e voltarei ainda mais cheio de amor e dedicação a vossa pessoa, com quem partilharei cada sorriso, cada delicadeza e cada sonho.
Não tenhas cuidados, porque sou o mais leal e fiel dos súditos e não tenho olhos senão para vossos olhos e boca senão para teus beijos, oh doce Isabel. Saberei compensar minha ausência, tendo os mais extremosos cuidados e sendo cioso de vossos desejos, rainha de minha alma, musa da minha inspiração e devoção. Ouso pedir lhe apenas que não esqueça deste servo de teu afeto
Lord T.




quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Que fique bem claro a todos que sou uma pessoas muito boba. Quando estou feliz, sou mais boba ainda. E não precisa ser uma felicidade grande para me colocar no mais alto grau de bobeira, a ponto de ser facilmente confundida com uma pessoa bêbada. Às vezes basta uma boa música enquanto cozinho e me  ponho a dançar com batatas, cebolas e tomates. Então, imagine como estou boba por saber que vou rever meus amigos, por poder estar com minha irmã, por ter visto a caçulinha na web, por mamãe me ligando toda semana para recomendar que eu me alimente bem, por ter gente linda que me envia torpedo logo cedo desejando bom dia, por gente linda que vai tocar e cantar para mim e por tanta coisa junta, que me faz sorrir hoje e sempre, com a sensação de que sou abençoada. Então, apesar de tudo, o ET e outros momentos dolorosos que vivi nestes dias recentes me aproximaram ainda mais das pessoas amadas e me deixaram mais boba do que nunca; sou grata por isso.

domingo, 23 de outubro de 2011

Grey's Anatomy

Eu não assisto TV, mas se tem algo que sinto falta são as minhas séries favoritas. Grey's Anatomy é uma das mais mais, por suas falas incríveis, seus personagens confusos e bem elaborados. A Dr. Yang é minha favorita: competitiva, viciada em ser a melhor no seu trabalho, seca, direta. E hoje lembrei de uma frase dela, que vem bem a calhar: 

Se você quer que merdas parem de acontecer com você, então pare de aceitar merda e exija outra coisa.


Ainda compro os dvds de todas as temporadas... 

Presente de domingo


Por alguns minutos eu gostaria de ser a Nara, só para ter um olhar lindo do Chico derramando-se sobre mim...
Tome um pileque de rivotril.
Morda a língua.
Corte os pulsos.
Uive para a lua.
Mas não fale.

Se tiver
tomado vinho barato.
Com a maquiagem borrada.
Ouvindo vozes estranhas.
Vá ao banheiro e vomite.
Não fale.

Mas se você falou,
Não espere amanhecer,
vista sua dignidade,
calce sua vergonha,
coloque o amor próprio na mochila
e fuja para as montanhas.

Não encare mais,
Atravesse a rua,
olhe para o lado,
finja que não viu
e não estenda a mão.
Não pare!
Não olhe para trás.


sábado, 22 de outubro de 2011

CATS

Caminhávamos traquilas e alegres pela rua, Geovanoca e eu, quando um amigo grita: "coloque coleira porque é um cachorro". Um olhar de relance, sem entender e ele me aponta o gato me seguindo. Explico que não é meu, mas o gatinho, não sei se macho ou fêmea, insiste, se enrosca em minhas pernas, quase me faz cair. A menina sapeca que se esconde em mim acha graça, sorri, conversa. Dois quarteirões adiante e o bichinho ainda me acompanha. Não o incentivo pois a quota de animais em minha casa extrapolou faz tempo. Cerca de um quarteirão antes da minha casa, o entregador do supermercado onde faço compras sorri ao ver a cena e pergunta se é meu. Na casa em frente, uma senhora lava a calçada fazendo uma cachoeira. Aproveitamos a deixa e apertamos o passo. Uma hora depois de chegar em casa, ouço a inquietação dos cães e vou ver o que está acontecendo. Espantada observo o gatinho, chapiscado de água, adentrando pela fresta da cerca. Chega como se soubesse o caminho. Volto para a pia, me fingindo indiferente  ante aquela insistência. Ele entra em casa e deita se aos meus pés. Continuo atacando a louça, mas cheia já de uma ternura infantil, pensando que ele deve estar com fome. Rsisto em alimentá-lo para que ele não queira morar aqui, afinal esta casa não é um abrigo. No entanto,  quem me conhece é capaz de adivinhar que a resistencia não durou quinze minutos. Alimentei-o sob os protestos  de Farelo, o gato da casa, que tentava impedir a todo custo. Agora, enquanto escrevo, ele (que meu filho diz que é ela) está deitado aos meus pés, adormecido. Vocês não imaginam que olhos azuis lindos ela tem. Agora estou numa situação difícil: amo cachorros.  Tenho um gato porque Geovana ganhou de presente e hoje esta criatura me aparece do nada, sem pedir licença, como se tivesse todo o direito. Vou ter que procurar o dono, mas e se não encontrar? Como abandoná-la novamente? O que faço com esse meu coração? Confessa que não é coisa mais linda do mundo ser seguida por um bichano fofo, sem provocação, sem necessidade. Um amor de graça, como renegar?

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Oração


Os passos de outubro avançam no caminho de 2011. Que traga paz, toda a paz de que preciso. Que seja doce, plagiando Caio Fernando... Que minhas estações se reconciliem com as da natureza, porque estou invernando enquanto o ano primaverece. Que minhas forças para realizar sejam cada vez maiores e que as realizações tragam o bem. Que qualquer dor deixe uma lição e se vá, ou apenas se vá. Que os frutos brotem, cresçam e amadureçam com sabor. Que eu saiba contemplar e receber. Que eu receba na minha morada a prosperidade e a alegria, com a alma lavada, estendida ao sol, tremulando ao vento. 

sábado, 1 de outubro de 2011

Para A. M.

Porque Clarice sempre consegue expressar-nos melhor que nós mesmos. Mas somos companhia, não estamos sós. Você nem imagina o quanto foi um milagre para mim ontem. Obrigada.

Carta de Clarice-1947-Berna-Suiça

" Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso -nunca se sabe qual o defeito que sustenta o nosso edifício inteiro...há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Quase 4 anos me transformaram muito.Do momento em que me resignei, perdi toda vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força.Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você- não copie uma pessoa ideal, copie você mesma- é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu,uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não ia ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma.

MEUS FILHOS ENSINARAM-ME SOBRE ESCOLA

Três histórias que me ensinaram muito sobre o processo de escolarização e suas falhas.
1. Joyce, minha primeira, quando passou da quarta para quinta série se deparou com o abismo existente entre o currículo das séries iniciais e as exigências das séries finais do fundamental. Uma vez tirou nota baixa em Geografia, ao ver a prova, perguntei se ela não sabia o que era espaço geográfico, porque havia deixado a questão em branco. 
_ Espaço geográfico eu sei, mas não sei o que é defina. Nunca vi esta palavra, mãe.

2. No mesmo ano, próximo a julho, observo-a enquanto faz uma tarefa de Ciências. Pergunto o que está fazendo e ela diz que é um resumo. Indago sobre como se faz o resumo. 
_ É só copiar um pedaço e pular outro...
Já estarrecida, pergunto quem lhe orientou na brilhante técnica e o que ouço é ainda pior:
_ A Ana, porque ela já reprovou três vezes, é a maior da nossa turma. Quando eu estudava a quarta ninguém falava em resumo, agora todos os professores pedem para fazer, mas nenhum ensinou. Não sei como eles esperam que a gente saiba.

3. Alexandre no pré. A professora reclama que ele sempre deixa as tarefas incompletas. Vou tomar satisfação e fico sem fala.
_Mãe, se eu já aprendi a fazer o número dois na segunda linha, por que tenho que encher esta folha até embaixo? Acho que a professora faz isso só porque ela está com preguiça de passar outra tarefa...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Pra valer uma vida inteira

Porque esse belo exemplar da espécime recitando um poema da musa, salva o fim de semana.

sábado, 24 de setembro de 2011

UM FINAL DE SEMANA PARA SE VIVER

E o verbo é SER. Sentir que me transformo e renasço, neste breve intervalo de tempo, enquanto os que estão ao meu redor julgam que apenas estou parada, contemplativa, sempre me fascinou. Nunca durei muito, mas posso garantir a eternidade de todas as que já fui, nas memórias e  sensações que ficaram. As melhores versões de mim mesma foram as que menos duraram. Estava certo quem disse que, a eternidade cabe em um grão de areia, ou numa fração de segundos.  Retiro as cascas, os restos da outra e sigo em frente, sem saber quanto tempo terei. Viver é  uma delícia, mesmo quando dói.
E deixo um link maravilhoso para quem gosta de poesia, o blog de Cáh Morandi.

Nada em mim foi covarde,
Nem mesmo as desistências:
desistir, ainda que não pareça,
foi meu grande gesto de coragem.

Cah Morandi

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SETEMBRO DEPOIS DO CACHORRO LOUCO

Agosto é mês de cachorro louco, era o que dizia minha avó e o que sacramentou Caio Fernando. Neste setembro encontrei o rastro do cachorro louco, a correria está grande e a saúde um pouco fragilizada. Não enlouquecer de tanto trabalho será o atestado definitivo de que preservarei minha sanidade mental até o fim dos meus dias.
A coisa está tão feia que procrastino as tarefas que não são obrigatórias ou não envolvam os projetos: Implantação de CEEJA e Biblioteca, Mostra de Artes e Provão em Extrema, Questão do Sul de Lábrea. Então, queridos seis leitores, atualizem o caderninho de novidades:

  1. O Ciro agora tem um blog e recomendo enfaticamente a leitura, ainda mais porque ele tá me pagando pelo comercial;
  2. Devo ir a Médici até o fim do mês e levo um coração cheio de saudades e muitos abraços para distribuir entre aqueles que eu amo;
  3. Conheci uma pessoa abençoada que me presenteou com dois livros de Pablo Neruda. Quando acontece algo assim a gente redescobre a humanidade inteira. Obrigada T.
  4. Tô implorando que você garanta um lugarzinho no céu doando um livro para nossa biblioteca comunitária em Extrema;
  5. Minha nova morada fica pronta em alguns dias.
  6. A foto é do final de um encontro com diretores, supervisores e secretários das escolas estaduais da nossa jurisdição. 
Recados:
L. vou te enviar material, peço só um pouquinho de paciência com esta sua amiga.
HWC. Não esqueci nosso compromisso. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Presente de um amigo especial...


UM PEDIDO A OLAVO BILAC

Certa vez um homem, conhecido do escritor e poeta Olavo Bilac, sabendo de sua capacidade e praticidade com a redação de textos, deixou um recado ao mesmo dizendo o seguinte:
“Sr. Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o senhor tão bem conhece. Será que o senhor poderia redigir o anúncio para o jornal?”
Olavo Bilac, de posse da solicitação, apanhou o papel e escreveu:
"Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranqüila das tardes, na varanda".
Meses depois, o poeta encontra o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.
- Nem pense mais nisso! Disse o homem.
- Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha!
Conclusão:
Às vezes, não descobrimos as coisas boas que temos conosco e vamos longe atrás da miragem de falsos tesouros. Valorize o que você tem, os amigos que estão perto de você, o emprego que Deus lhe deu, o conhecimento que você adquiriu, a sua saúde, o sorriso.
Esta mensagem nos leva a refletir sobre nossas atitudes, sobre nossas buscas incessantes.
Quantas vezes sonhamos com coisas que não estão ao nosso alcance, se tivesse não seria tão importante assim...
Quantas vezes preferimos ouvir coisas ditas por alguém que nunca vimos ou ouvimos falar... Quantas vezes preferimos acreditar em alguém que jamais conseguirá provar tal argumento...
Quantas vezes nos iludimos com o ouro fora de nosso alcance, deixando de lado aquilo que representa bem mais valioso que o próprio ouro...
Portanto, não entregar ou deixar entregar aquilo que temos como valor local, NEM DEIXAR QUE SEJA DESVALORIZADO POR QUESTÕES MERAMENTE BANAIS.
Assim devemos fazer com nossos filhos, com nossas casas, nossos sítios e nosso voto.
Confiar naquele que pode estar do nosso lado, no dia-a-dia. Este pode ser o maior valor, quando muitas vezes não queremos sequer recebê-lo.
Por Ciro Andrade



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

HIBERNAÇÃO DO BLOG


Apesar de não estar mais atuando na área de Orientação Educacional e ter abandonado o blog, este espaço ainda serve para que eu conheça novas pessoas e também para divulgar nossa profissão.
Estou em um novo desafio agora que é a gestão em nível intermediário, no sistema estadual de educação de Rondônia. Em outros estados a função tem outro nome, por aqui é Representante de Ensino e o objetivo principal é ser o elo entre a Secretaria Estadual de Educação e  escolas, pais, alunos e funcionários. Somos o braço da SEDUC em cada jurisdição.
Mas o propósito deste post não é falar sobre este novo desafio, mas dar um conselho sobre plano de ação, que parece ser uma dúvida recorrente dos que me mandam email pedindo ajuda.  É um conselho muito simples, mas também precioso: Em primeiro lugar, o diagnóstico.
O plano de ação é o seu mapa, seu roteiro, nessa incrível viagem que é o dia-a-dia do Orientador Educacional. Para prepara-lo você precisará conhecer o terreno, o tipo de clima, as prioridades locais e como você vai se locomover dentro dessa realidade, para torna-la melhor.
A observação de leis e decretos deve ser feita à luz da realidade, porque o trabalho do orientador precisa gerar uma diferença no ambiente escolar, produzir resultados positivos. Como fazer seu roteiro? Comece observando sua escola, descobrindo tudo sobre ela, pontos fortes e fracos e resolva como atuar nesses últimos dentro de suas competências como OE. Evite invadir o espaço de atuação de outros profissionais, mas procure atuar integradamente. Quem sabe, ao invés de um plano de ação setorial, vocês construam um plano de ação integrado?
Procure soluções criativas, fuja dos clichês e seja feliz no seu trabalho.

terça-feira, 29 de março de 2011

UMA GOIANA EM MINHA VIDA

Não chega ser prova de existência em vidas passadas, mas Geovana agora insiste em dizer que já morou em Goiás. Basta ouvir o nome deste estado, na TV, ou na boca de alguém e ela solta a pérola:
_ Eu já morei lá...
Se alguém duvida, apela para autoridade maior:
_ Não é MÃE que eu já morei LÁ?
De onde ela descobriu que existe Goiás, ou que alguém possa morar lá, é um mistério para a eternidade, pois eu nunca conheci um goiano em toda a minha vida, quem dirá ela, aos 3 anos de idade.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Trabalho...

Um mês e uma semana, tempo suficiente para as primeiras impressões acerca do novo trabalho. Vou tentar resumir.

  1. Muito trabalho para organizar a representação, porque o meu objetivo é um órgão voltado para as necessidades da escola, que seja realmente suporte, mas que seja também proativo e contribua para melhoria real do sistema de ensino, com resultados passíveis de demonstração, naquilo que realmente importa: aprendizagem do aluno; 
  2. Uma grande dificuldade para montar equipe, até que se regularize a situação das escolas. NA minha cabeça, primeiro supre-se a escola, depois a REN;
  3. Muitos programas propostos pela SEDUC e pouco pessoal, pela tipologia da representação. Teremos três pessoas no pedagógico e toda semana sou solicitada a nomear coordenador de alguma coisa. Coitados!
  4. Fofocas. Toda semana aparece alguma. Vou acabar com isso colocando tudo o que for possível no mural: relação de servidores, com vínculo, carga horária e função, cargos em comissão e o que mais for preciso. 
  5. E quero dizer que, não importa em quem você votou. Isso não é ditadura. Eu votei e fiz campanha para o nosso governador, mas nem por isso vou fazer caça às bruxas e trocar gente que é super profissional, por gente que não faz o trabalho, só porque apoiou o governo. 
  6. Finalizando, para trabalhar comigo: seja louco por educação, trabalhe sem olhar no relógio e com seriedade e competência. Respeite as leis. 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Rapidinhas (2)


  • Morreu Moacyr Scliar, escritor que eu gosto muito. Descobri depois que visitei dois blogs sobre literatura e leituras e falavam sobre ele. Fiquei triste. Um escritor quando morre, leva com ele muitos livros inéditos.
  • Encontrei uma pessoa raríssima e adorável online no msn. Sorte de domingo.
  • Encontrei em um compartimento esquecido da carteira: uns trocados e esse bilhete fofo que eu digitalizei.
  • Amanhã vai aparecer flamenguista de todo lado pra me zoar.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

NOTÍCIAS DO FRONT

Muito trabalho. Em breve farei relato das novidades.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

EXPLICANDO A RELAÇÃO ENTRE O CONSUMISMO E AS QUESTÕES AMBIENTAIS

Esse vídeo eu assisti lá no Rainhas do Lar. Vale muito a pena, tanto um quanto o outro.

domingo, 9 de janeiro de 2011

SOBRE A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

O curso de Orientação Profissional, por razões que já expliquei antes, não atingiu plenamente as minhas expectativas, principalmente por inúmeros problemas com a conexão em rede da escola e o tempo disponível. Mas houve de tudo algum proveito, conforme texto produzido ao final do curso pela aluna Francelina da Rocha Machado.
"O curso me ajudou a entender quais são meus principais objetivos de vida e lembrar os meus melhores momentos na infância, adolescência e agora na fase adulta. Mostrou quais são meus principais sonhos e algumas das dificuldades que poderão atrapalhar meus objetivos. Isso foi muito bom pois nos possibilita clarear os nossos pensamentos e expor o que é realmente importante em nossas vidas visando também os benefícios e desafios que teremos que enfrentar a cada escolha tomada. A trilha nos leva a perceber também que a cada dia estamos somando escolhas  e que antes de fazer algo importante devemos analisar as chances de sucesso e fracasso e na profissão as melhores chances no mercado de trabalho."
Acredito que em 2011, com mais tempo e condições, possa ser melhor ainda. 

sábado, 8 de janeiro de 2011

QUANDO NÃO HÁ O QUE FALAR...

Todos esses dias eu quis escrever sobre o turbilhão de sentimentos provocados pela perda de um ente querido, mas o luto é uma dor que não permite palavras. O silêncio nos refaz aos poucos da ausência eterna de alguém especial que partiu. O vazio que fica é imenso, como imensa é a alma e a eternidade. Quando a morte nos rouba, percebemos o tamanho do nosso próprio espírito através de uma dor que atinge profundidade que nem imaginávamos que tivéssemos. Não há o que dizer, só há o tempo para que a vida se reconstrua.