sábado, 22 de outubro de 2011

CATS

Caminhávamos traquilas e alegres pela rua, Geovanoca e eu, quando um amigo grita: "coloque coleira porque é um cachorro". Um olhar de relance, sem entender e ele me aponta o gato me seguindo. Explico que não é meu, mas o gatinho, não sei se macho ou fêmea, insiste, se enrosca em minhas pernas, quase me faz cair. A menina sapeca que se esconde em mim acha graça, sorri, conversa. Dois quarteirões adiante e o bichinho ainda me acompanha. Não o incentivo pois a quota de animais em minha casa extrapolou faz tempo. Cerca de um quarteirão antes da minha casa, o entregador do supermercado onde faço compras sorri ao ver a cena e pergunta se é meu. Na casa em frente, uma senhora lava a calçada fazendo uma cachoeira. Aproveitamos a deixa e apertamos o passo. Uma hora depois de chegar em casa, ouço a inquietação dos cães e vou ver o que está acontecendo. Espantada observo o gatinho, chapiscado de água, adentrando pela fresta da cerca. Chega como se soubesse o caminho. Volto para a pia, me fingindo indiferente  ante aquela insistência. Ele entra em casa e deita se aos meus pés. Continuo atacando a louça, mas cheia já de uma ternura infantil, pensando que ele deve estar com fome. Rsisto em alimentá-lo para que ele não queira morar aqui, afinal esta casa não é um abrigo. No entanto,  quem me conhece é capaz de adivinhar que a resistencia não durou quinze minutos. Alimentei-o sob os protestos  de Farelo, o gato da casa, que tentava impedir a todo custo. Agora, enquanto escrevo, ele (que meu filho diz que é ela) está deitado aos meus pés, adormecido. Vocês não imaginam que olhos azuis lindos ela tem. Agora estou numa situação difícil: amo cachorros.  Tenho um gato porque Geovana ganhou de presente e hoje esta criatura me aparece do nada, sem pedir licença, como se tivesse todo o direito. Vou ter que procurar o dono, mas e se não encontrar? Como abandoná-la novamente? O que faço com esse meu coração? Confessa que não é coisa mais linda do mundo ser seguida por um bichano fofo, sem provocação, sem necessidade. Um amor de graça, como renegar?

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