tag:blogger.com,1999:blog-90095972403060837152024-03-12T18:59:51.824-07:00DELICATEUm olhar sensível sobre o cotidiano.Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.comBlogger111125tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-5600230290866340682014-10-07T05:54:00.000-07:002014-10-07T05:54:20.503-07:00A DESCOBERTA<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Meia hora sentado respirando solidão,
embaixo de árvores que não me pertencem, que não pertencem a ninguém, assim
como ela. O crepúsculo se fez noite, ela se foi, mas tudo em mim está
imobilizado pela lúcida compreensão do que não tenho. Com exceção do constante exalar da
respiração, minha figura estática poderia ser confundida com a estátua de algum
triste e reflexivo herói. Antes de quedar-me ali, eu estivera movimentando-me
furtivamente ao redor da casa, espreitando uma janela ou outra, com o
assentimento alegre de Fuligem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Toda essa confusão iniciara-se por volta das
dezoito horas, quando cheguei do trabalho e encontrei um bilhete colado na
geladeira: “ Fui levar um recado ao seu
irmão.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Parti ao seu encontro. Não havia
desconfiança, mas não gosto do bastardinho, todos na família sabem que ele não
tem nosso sangue, mas o tratam normalmente.
E minha esposa e ele ficam sempre de conversa um com o outro, não sei de
onde vem tanto assunto. De qualquer forma, aproveitaria para rever o mano e a
cunhada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A escuridão do quintal e da
varanda atiçou minha imaginação e me colocou nesta posição incômoda. Acelerei o
passo e entrei pelo portão dos fundos, sem nenhum barulho, fazendo festa na
cabeça de Fuligem para que ela não denunciasse minha presença. Vi a luz azulada
da TV por uma fresta da casa velha, caminhei em direção à janela aberta e semi
agachado, os vi na sala. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Assistiam algo, cada um em uma
poltrona, atentos ao que acontecia na tela. Pareciam estar a muito tempo ali,
pois as pernas dela estavam dobradas sob seu corpo e ele recostava-se como quem
está preste a escorregar, imóvel em alguma posição. Minhas pernas estavam com câimbras quando ele
finalmente se levantou e se dirigiu à cozinha, falando algo que não pude
entender. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele acendeu a lâmpada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela desligou a TV.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Saí em busca de um observatório
melhor posicionado e o encontrei na área de serviço, próximo à porta de saída
da casa. Agachei-me protegido pela máquina de lavar e que me dava um campo visual
até melhor, devido a claridade da única lâmpada acesa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Meu coração se acelerou. Ele vestia
apenas a calça e o cabelo estava molhado, indicando um banho recente e isto por
si só era muito suspeito. Estavam tendo um caso. A verdade parecia gritar nos
meus ouvidos e ecoar na caixa craniana, sem produzir qualquer efeito, a não ser
um leve tremor nas mãos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Minha mulher e meu sobrinho.
Safados. Dele eu esperava esse tipo de comportamento, porque se trata apenas de
um bastardinho, mas ela sempre fez questão de ser tão correta. No entanto, eles
não escapariam. Bastava que eu tivesse paciência e poderia pegá-los em flagrante,
aos beijos quem sabe. Era questão de minutos, pois se são amantes, estão sozinhos,
protegidos entre quatro paredes, naturalmente começarão a pouca vergonha. Esse
moleque, que não respeita nem a casa do pai e essa vagabunda que não se dá ao
respeito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Enquanto ela se senta na cadeira,
voltada para o fogão e de costa para onde estou, ele mexe nas panelas, acende o
fogo, vai até a geladeira, volta com umas tiras de bacon, corta sobre a mesa,
joga na panela. Posso ouvi-los, mas eles falam pouco, parece que sobre o filme
que estavam assistindo. Ela conta sobre a parte que ele perdeu enquanto estava
no banho. Será que sabiam o tempo todo
que estavam sendo observados e queriam me enganar com tudo isso?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma garrafa de uísque? Desde quando
minha mulher toma bebe isso? Eles riem muito enquanto partilham aquela dose.
Usam o mesmo copo e o som das risadas é quente. Estou surtando. Sinto-me um
intruso diante daquela estranha que toma uísque e ri com outro homem. Será que
tenho o direito de invadir a privacidade deles assim? Droga! Eles não são um
casal e o corno sou eu!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando esse beijo vai acontecer,
meu Deus? O feijão já ferveu, o arroz está pronto. Ela põe a mesa com a
intimidade de quem conhece a casa. Durante todo o tempo eles conversam e riem.
Num gesto descabido, ele vai ao quarto e ao voltar está de camisa, cabelos
penteados e sentam-se para jantar, de frente um para o outro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quero sair do meu esconderijo,
gritando impropérios, mas de quê acusá-los, até o momento? Estou me sentindo cada
vez mais ridículo. Os sons de conversa e riso, as pequenas provocações verbais entre
eles já me irritaram sobremaneira, mas permaneço até que terminam de jantar e ele
recolhe os pratos.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela avisa que tem que ir. Que devo
estar preocupado e que ele sabe que sou muito ciumento. Preparo-me para o
grande final, quase me ponho de pé, porque ela vai sair pela porta da frente e
ele vai beijá-la. Mas eles apertam-se as
mãos e se beijam no rosto. Eu me dirijo ao fundo do quintal e me quedo sob as
árvores, onde a existência não me vê e de onde imagino um acenando adeusinho
para o outro.<o:p></o:p></div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-32614354789763576272014-10-04T08:32:00.002-07:002014-10-04T12:59:06.814-07:00Da partida inevitávelQuero partir como os pássaros, num final de tarde, com o céu de alaranjando, sem deixar nenhuma pena para trás, como muitas das personagens de Mia Couto que desaparecem, magicamente, sem deixar vestígios.<br />
Nesse dia qualquer, que meus dez amigos se reúnam para tomar um cafezinho e digam sobre mim apenas o essencial:<br />
<br />
<ul>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjddsIP7XEc5Agm0a06920zQscjyboLZuhT6Ux4d1R9czdgeLVcATGXgPYeaStVoIZomM93DEWwWAUDyeNmtYgbk_5GW2PDaJzTKC43NurBrOrkYtTqpW6uGp6b20-O1Y7Fi5mkiqLL13Y/s1600/fotos-do-por-do-sol-para-facebook-03.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjddsIP7XEc5Agm0a06920zQscjyboLZuhT6Ux4d1R9czdgeLVcATGXgPYeaStVoIZomM93DEWwWAUDyeNmtYgbk_5GW2PDaJzTKC43NurBrOrkYtTqpW6uGp6b20-O1Y7Fi5mkiqLL13Y/s1600/fotos-do-por-do-sol-para-facebook-03.jpg" height="132" width="200" /></a>
<li>que amei o entardecer, com o sol iluminando a copa das árvores com raios delicados;</li>
<li>que apreciava toda forma de arte, mas sobremaneira não vivia sem música;</li>
<li>os livros eram meus maiores tesouros;</li>
<li>o luar me arrancava suspiros;</li>
<li>tinha uma anomalia genética inexplicável: um coração para cada filho;</li>
<li>amava de muitas formas e ainda acreditava que poderia cuidar o mundo;</li>
<li>era escritora, mesmo sem ter escrito um livro sequer;</li>
<li>conversava com os animais e eles entendiam;</li>
<li>e sorria para os ipês, porque os compreendia.</li>
</ul>
<div>
Não espero que chorem, mais que saibam que estou por aí, partícula integrada ao mundo que sempre permanece, rindo, segurando um troféu chamado liberdade.</div>
<br />
<br />Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-60798877642269678172014-10-01T09:53:00.001-07:002014-10-01T09:53:24.280-07:00O aconselhamento em Orientação Educacional<div style="text-align: right;">
(Texto escrito enquanto esperava uma bolsa de sangue no hospital)</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por mais que a literatura especializada e a nossa formação nos afaste deste tema, há uma demanda constante dos professores para que façamos atendimento individualizado, na maioria das vezes, aconselhamento. A literatura é bem clara: o atendimento coletivo, os projetos, etc, são prioritários, premissa sobre a qual nem sequer discuto, por sabê-la fundamental. Mas o que fazer com esta outra demanda? Ignorá-la? Renegá-la?</div>
<div style="text-align: justify;">
Pode o aconselhamento efetivamente funcionar? De que forma? Sigo alguns passos na minha prática profissional, que coloco como dica aos colegas:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<ol>
<li>Se checar e verificar os âmbitos da relação pedagógica e nada indicar deslocamento, é preciso abandonar o aluno e ouvir o ser humano.</li>
<li>Ouvir requer, principalmente, despir-se de qualquer ideia preconcebida a respeito do tema abordado pelo aluno. Esqueça sua religião, esqueça seus preconceitos, fuja das suas considerações sobre o que é ou não importante.</li>
<li>Não há como aconselhar de forma eficiente sem a formação do vínculo entre aconselhador e aconselhando. Essa questão é controversa, mas se o aluno confia e respeita você, as chances de que o aconselhamento funcione são bem maiores. Palavras lançadas através de uma relação de superioridade, dificilmente surtem efeito.</li>
</ol>
Todas estas considerações conduzem para as seguintes questões:<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<ol>
<li>Como estabelecer e manter o vínculo?</li>
<li>O que o professor busca no aconselhamento?</li>
<li>Como realizar a devolutiva para o professor sem quebrar o vínculo (confiança)?</li>
<li>É possível que o aconselhamento se dê em sessão única?</li>
</ol>
Ao pensar na construção do vínculo, há uma questão essencial a ser considerada: todo ser humano é único e isso torna muito difícil padronizar o atendimento, criando regras abrangentes.<br />
<div style="text-align: justify;">
O professor, por sua vez, na maioria dos casos, busca apoio para a sua própria prática pedagógica: indisciplina e não aprendizagem. É como se quisesse confirmar que o problema é sempre a criança, quando na maioria das vezes, não é. E a expectativa do professor é que, levando o aluno para que o OE atenda, em apenas uma sessão, tudo ficará bem. No entanto, o que fazemos é buscar a origem do problema, partindo do micro-ambiente, que é a sala de aula, para os macro ambientes, que abrangem espaços maiores e interseccionam-se com outras esferas de ação.</div>
<div style="text-align: justify;">
Problemas de aprendizagem tem, inicialmente uma rotina diagnóstica que abre para áreas básicas:desenvolvimento de habilidades intelectivas, saúde, relacionamento professor x aluno, convivência no ambiente escolar e metodologia de ensino.</div>
<div style="text-align: justify;">
Dificilmente numa conversa inicial com o estudante trará todas estas respostas, tanto em se tratando de crianças muito novas, ou adolescentes, mas a experiência do OE e o conhecimento que ele já traz desse bioma escolar muitas vezes o leva a intuir certeiramente, facilitando o processo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando a questão diz respeito ao meio escolar, geralmente é mais fácil de ser resolvida, mesmo quando se torna necessário envolver o professor e a equipe gestora no assunto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, ao perceber que os problemas fogem ao fazer pedagógico, há um caminho mais delicado a ser percorrido. há um jogo de conquista da confiança, até que o aluno possa se abrir, principalmente se ele estiver na puberdade, ou na pré-puberdade. Acredito ser fundamental neste momento que o sigilo profissional seja deixado claro ao aluno. Que ele saiba que, para além do sigilo, também não haverá julgamentos morais e que, ao lado da figura de autoridade que jamais poderemos abandonar, existe o amigo. Somente de posse das nuances do problema , sem se permitir juízo de valor, deve o orientador aconselhar, com todo o respeito e com a consciência da profunda responsabilidade imbuída nesta ação.</div>
<div style="text-align: justify;">
A criança pequena, em sua inocência, costuma logo se aliviar, seja através do desenho, ou da fala e neste caso, havendo problemas no núcleo familiar, este deverá ser imediatamente contactado para a discussão da problemática e encaminhamento ao especialista, geralmente psicólogo, assistente social ou, em casos de abuso, Conselho Tutelar.</div>
<div style="text-align: justify;">
O tratamento dado ao adolescente vai depender muito mais do aconselhamento e da orientação. Quando nos são relatados casos de abusos, violência, desestruturação familiar grave, é através do vínculo de confiança que vamos prepará-lo para o momento de abrir o jogo e procurar os órgãos de defesa. Pela minha experiência, quando ele chega a relatar o caso a você, normalmente, em poucos dias ele se sentirá forte e pronto a enfrentar a situação. Em minha prática profissional isso raramente deixou de acontecer.</div>
<div style="text-align: justify;">
A devolutiva para o professor envolve outra relação de confiança. Quando há problema em relação ao ambiente escolar ou ao fazer pedagógico, é uma devolutiva é sempre aberta, completa. mas quando envolve o aluno, sua individualidade, sua família, etc., a devolutiva é sempre parcial, para que não haja uma quebra do vínculo ou do sigilo profissional do OE, sendo nesta situação que tanto professor quanto gestores precisam confiar no trabalho da orientação, na capacidade de discernimento que o profissional possui sobre quando e como fazer aquilo que lhe compete.</div>
<div style="text-align: justify;">
Encerro com um trecho de um livro chamado 13 Porquês, de Jay Asher, porque na história, a última pessoa em quem ela colocou suas esperanças foi o OE:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
[...] Obrigada, Sr.Porter.</div>
<div style="text-align: justify;">
– <i>Hannah. Espere. Você não precisa ir embora.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu grito entre as barras. Por cima das árvores.</div>
<div style="text-align: justify;">
– <i>Não</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Acho que é isso. Não deixe ela sair. Já consegui o que buscava.</div>
<div style="text-align: justify;">
– <i>Acho que temos mais coisas para conversar, Hannah.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Não, acho que já destrinchamos tudo. Preciso seguir em frente e deixar isso pra lá.</div>
<div style="text-align: justify;">
– <i>Não é deixar pra lá, Hannah. Só que às vezes não resta nada a fazer a não ser seguir em frente.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Não deixe ela sair desta sala. O senhor está certo. Eu sei.</div>
<div style="text-align: justify;">
– <i>Hannah, Não entendo por que você está com tanta pressa para ir embora.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
_ <i>Porque preciso levar as coisas em frente, Sr. Porter. Se nada vai mudar, então e melhor eu leva tudo em frente, certo?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
– <i>Hannah, do que você está falando?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
_ <i>Estou falando da minha vida, Sr. Porter.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma porta se abre.</div>
<div style="text-align: justify;">
– <i>Hannah, espere</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma porta se fecha. O zíper se abre. Passos. Passos ganhando velocidade. Estou descendo o corredor. Sua voz está clara. Mais alta. A porta dele está fechada atrás de mim. Ela permanece fechada. Uma pausa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele não vem. Pressiono o rosto, com força, nas barras. Sinto como se elas fossem uma prensa que vão apertando meu crânio quanto mais eu empurro a cabeça contra elas. Ele está me deixando ir embora. O ponto atrás da minha sobrancelha lateja intensamente, mas não toco nele. Não esfrego. Deixo latejar. Acho que me expressei com muita clareza, mas ninguém deu um passo para me impedir. Quem, Hannah? Seus pais? Eu? Você não foi muito clara comigo. Muitos de você sem importaram comigo, mas não o bastante. E isso... isso é o que eu precisava descobrir.</div>
<div style="text-align: justify;">
[...]</div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns não sentirão vontade de retribuir as mesmas palavras. Alguns ficarão com muita raiva de Hannah, por ela ter se matado e colocado a culpa em todo mundo.[...]</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-67829877183484263582014-07-25T17:37:00.002-07:002014-07-25T17:39:45.974-07:00Lucidez<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3_jZLNgkG6CszL6YxjgXfYb_kPSa4GvcZ-BVcJvIp9cIsqqlNUFunvDCab61M7u_m69Hf76L65Yb6Avd3Xf8JRNCCJtpfu569pLu9oWOF0YMLd7iN6FxQCb-QkKv6PbNY8tebbaW3R6I/s1600/lucidez.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3_jZLNgkG6CszL6YxjgXfYb_kPSa4GvcZ-BVcJvIp9cIsqqlNUFunvDCab61M7u_m69Hf76L65Yb6Avd3Xf8JRNCCJtpfu569pLu9oWOF0YMLd7iN6FxQCb-QkKv6PbNY8tebbaW3R6I/s1600/lucidez.jpg" /></a>Os primeiros raios rasgam a manhã,
sinto a luz à sorrelfa pelas frestas da barraca. O cheiro é uma mistura de
frescor do orvalho e de outros que já se encontram no limiar da realidade.
Estou calma, quando deveria sentir me apavorada. Antes que tenha que enfrentar
o meu ato, repasso minha história lentamente, deitada sozinha, no colchão
inflável. Tenho sessenta e cinco anos e considero que tive uma boa mostra desta
vida, do amor ao ódio, da paz ao desespero, da esperança ao caos. Na maior parte
do tempo conheci apenas a pacata vida de uma mãe extremada, excelente dona de
casa e boa esposa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se penso em tudo isso é porque
quando o sol expuser o que fiz durante a noite, ninguém mais se lembrará de
quem sou. E aqueles que se lembrarem, serão para menear a cabeça, quase inacreditando
que enlouqueci. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tenho cinco filhos, mas apenas
quatro estão comigo. O pai caminhou ao encontro do último, nesta longa
madrugada. Dos vivos há pouco a falar: dediquei-lhes toda a energia que me foi
possível, até que estivessem fortes o suficiente para voarem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Morando em região rural, lutando
com dificuldades, engravidei sucessivamente por quatro vezes. Tive meninos saudáveis
e que afora as despesas, nos davam muita alegria. Eu ainda era jovem e forte, criada
para servir ao bom marido que conquistara, quase sem palavras. Com os meninos
crescendo, meu corpo parecia ter perdido o interesse em reproduzir a espécie e
estávamos confortáveis com a ideia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dez anos depois, em meio a uma
crise financeira forte, uma nova vida crescia insuspeitadamente dentro de
mim. E crescia com a determinação das
fêmeas, era a menina que eu sempre sonhara. Meu esposo angustiava-se, mal
podíamos nos alimentar e agora, mais esse transtorno. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Numa noite, em que nada vendera
na cidade, disse que iríamos acampar na beira do rio, para pescarmos. Coloquei
a janta para as crianças, acendi as lamparinas e arrumei os mosquiteiros nas
camas. Partimos em seguida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na beira do rio, ele me mostrou
os comprimidos. Disse onde eu deveria introduzir e que os outros dois eu deveria
beber. Não haveria contestação, ele era meu marido . Sofri durante toda a
madrugada. Se ele tivesse rasgado minha barriga com o facão, talvez doesse
menos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Meu corpo por fim a cuspiu.
Morta, mas perfeitinha. Cabia na palma da mão e ainda sobrava espaço. Enrolei-
a com um pano, mas estava fraca demais para enterrá-la. Rezei por meu pecado e
entreguei o pequeno pacote a ele, para que lançasse no rio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Chorei cada gota daquele rio por
algumas semanas e até cheguei muito perto de atirar-me a água em busca de paz.
A existência dos meus filhos me impediu e quando meus olhos secaram, prossegui,
como um último fio que suporta o peso de todo o tecido. Durante o dia, cuidava
dos meus afazeres. À noite, por vezes, ainda emprestava-lhe meu corpo para que
aplacasse sua fome. E lembrava, quando ele já ressonava, esquecido de tudo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Durante 15 anos, eu soubera o que
faria. E agora que eu havia feito, me sentia inteira de novo. Por que esperei
tanto, é a pergunta que muitos farão. Porque creio na hora certa para cada
coisa. Porque havia quatro filhos que necessitavam de pai e mãe e porque o
fruto só amadurecesse depois de um longo processo de semente, árvore e flor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ontem, convidei-o para pescar.
Estava uma noite escura, bastante propícia. Ajudei-o a montar a barraca.
Pescamos um pouco e ofereci-lhe um chá, antes de dormir. Tomei o cuidado de
colocar meio vidro de gotas de calmante. Ele é muito fraco para essas coisas e
logo estava dormindo profundamente. Dei-lhe um tiro na testa, como vira tantas
vezes na TV e me pus a trabalhar na parte mais difícil: levar o corpo até o
rio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Foram necessárias cerca de duas
horas para cobrir a curta distância, arrastando aquele peso. Não pude arremessá-lo
como ele fez com a menina, mas rolei para dentro d’água e ouvi somente um baque
sujo. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Voltei para a barraca. Lavei
minhas mãos e dormi tranquila. Eles agora terão uma chance para se conhecerem. Espero o dia amanhecer, para duas coisas:
contar a meu filhos e chamar a polícia.</div>
<o:p></o:p>Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-51439389222160058302013-07-01T17:05:00.000-07:002013-07-01T19:58:21.553-07:00PENÉLOPE PARA MULHERES<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assisti a uma comédia, de 2007, chamada Penélope e confesso que minhas projeções com relação a ela eram de que se tratasse de algo sem nenhum proveito, feito apenas para entreter. O roteiro é daquele conto de fada tradicional: garota nasce com um defeito (no caso, aparência de porco) que é resultado da maldição de uma bruxa e cujo feitiço só será quebrado quando “ um de sua própria linhagem a amar e a tomar para si por toda a vida”. A mãe passa o tempo a procurar alguém de sua própria linhagem (sangue azul. Alguém aí falou príncipe encantado?) e para isso submete a garota a vários constrangimentos. Um dia aparece um pretendente que não foge, mas então é Penélope quem foge dele. Todas nós já passamos por isso na vida, não é? Achamos que alguém pode nos ferir porque somos assim ou assadas e fugimos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas voltando ao filme, neste ponto a personagem se rebela e sai de casa, passando a ter uma vida e amigos. O mundo aceita Penélope como ela é e, então surge um interesseiro e a pede em casamento visando publicidade. A mãe a faz aceitar o casamento para que ela volte ao normal (padrão) e seja feliz. Na cerimônia a garota diz não e se tranca no quarto. Quando a mãe bate na porta e implora que ela se case, ela grita de volta que se ama e não quer mudar. Ela se aceita e com a aceitação vem a transformação. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A garota fica maravilhada ao descobrir que durante mais de vinte anos de sofrimento, todo poder estava no amor próprio que ela poderia se dar. Neste ponto é que achei válido o filme. A mocinha não precisou do príncipe encantado, do herói que salva. Ela descobriu que o poder salvador estava nela. Amar-se é o que de melhor a gente pode fazer, por si e pelos outros. Na auto aceitação nos transformamos, vibramos e somos capazes de atrair coisas boas. Fora que para uma feminista de carteirinha esse gran finale diz tudo: não precisamos de quem nos salve, nos salvamos e vamos ao encontro do outro apenas para estabelecer uma parceria em pé de igualdade, para tornar nossa jornada mais florida.</div>
<h4>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-weight: normal;"><span style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
</div>
</span></span></h4>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-83407850114415609182013-05-26T18:37:00.001-07:002013-05-26T18:37:24.210-07:00PARA NÃO ESQUECER<i>O tempo passa e faz com que esqueçamos as pérolas que as crianças pequenas soltam tão facilmente todos os dias. Geovana está</i><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq2e-rYC2PddJTx-XlZBy2S2R9rciss1mhe1bKga8_UECDNCFcI-X27cS8Du4qrlpvGamA23_7wg6hp-8znSs2TZvlq8YNRRfJtcqmKHdUxTxHln0g2Qy1u0OqSX4gjvfshDiWWB-lt-0/s1600/SAM_0739.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq2e-rYC2PddJTx-XlZBy2S2R9rciss1mhe1bKga8_UECDNCFcI-X27cS8Du4qrlpvGamA23_7wg6hp-8znSs2TZvlq8YNRRfJtcqmKHdUxTxHln0g2Qy1u0OqSX4gjvfshDiWWB-lt-0/s320/SAM_0739.JPG" width="320" /></a></i></div>
<i> com cinco anos e hoje foi um dia de muita inspiração.</i><br />
<div class="MsoNormal">
<b>Diálogos<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->1.<span style="font-size: 7pt;">
</span><!--[endif]-->_ Geovana, você é a caçulinha favorita da mamãe!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle">
_ Aaaaaaah! Mããããããe! Mas só tem eu de
caçulinha, né! (Esperta esta garota.)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->2.<span style="font-size: 7pt;">
</span><!--[endif]-->_ Mãe, amanhã você não vai trabalhar porque você
esta muito gripada, né?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle">
_ Vou sim, amor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast">
_ Não,
mãe. Porque você gripada assim não faz nada e ainda passa gripe para os
outros. (Sabe das coisas.)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b> Frases:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->1.<span style="font-size: 7pt;">
</span><!--[endif]-->Minha tia está indisponível. (De onde esta
criança tirou essa palavra?)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->2.<span style="font-size: 7pt;">
</span><!--[endif]-->Eu tô sendo corajosa, mãe, porque sem coragem a
gente nem vive, né? (Enfrentando formigas...)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->3.<span style="font-size: 7pt;">
</span><!--[endif]--> Deus pai
dos ternos, meu guarda-roupa tá cheio de formiga!!!!!!!!! (Acho que era pra ser
Deus pai eterno)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Decidindo nome para a
cachorra:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
Acho que vou trocar o nome dela, não tô gostando mais de
Julie. Vou chamar ela de Romeu e Julieta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoListParagraph">
<br /></div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-23713551873003877162013-04-15T13:39:00.000-07:002013-04-15T13:43:37.843-07:00O encantador das tardes<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_-CbNftqJkRr_FRMMQDcZjDXsWEu9CtoWG9ecpB8SKijeDbfMzeiOPV2F00a19-Rd_qkVIgklkhuGaqAY8nvXVaOJjzusua13lsgA18lmG6v0v8HJm3B8UyyWhCMYsz33BTaaJ2jNQI0/s1600/por+do+sol.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="135" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_-CbNftqJkRr_FRMMQDcZjDXsWEu9CtoWG9ecpB8SKijeDbfMzeiOPV2F00a19-Rd_qkVIgklkhuGaqAY8nvXVaOJjzusua13lsgA18lmG6v0v8HJm3B8UyyWhCMYsz33BTaaJ2jNQI0/s200/por+do+sol.jpg" width="200" /></a><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tarde sufocante e céu nublado, por volta de quatro da tarde
entrei num coletivo rumo ao centro de Porto Velho. Não havia lugar para sentar
e à medida que o ônibus avançava novos passageiros me empurravam em
direção à porta de saída. Já bem próxima, ouço : “...sua tristeza é tão exata e hoje em dia é
tão bonito...”.Busco o dono da voz e do atrevimento de
cantar no busão lotado, quando percebo que é o motorista quem canta enquanto manobra
o volante. Cúmplice da ousadia, acompanho “...já estamos acostumados a não termos
mais nem isso..” Antes do ponto em que eu ia descer, ainda
cantamos Monte Castelo e um trecho de Teatro dos Vampiros. Sorrimos um ao outro
com cumplicidade na despedida e quando novamente olhei o céu, o sol se punha
numa alegria primaveril, dourando as nuvens. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-70929580432896530812013-02-27T17:50:00.003-08:002013-02-27T17:50:34.755-08:00<br />
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt-BR" style="font-family: Calibri; font-weight: bold; language: pt-BR; mso-ansi-language: pt-BR; mso-ligatures: none;">“Sempre em frente, foi o conselho que ela me deu, sem me avisar que iria ficar pra trás.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="pt-BR" style="font-family: Calibri; font-weight: bold; language: pt-BR; mso-ansi-language: pt-BR; mso-ligatures: none;">(Engenheiros do Hawai)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="pt-BR" style="font-family: Calibri; font-weight: bold; language: pt-BR; mso-ansi-language: pt-BR; mso-ligatures: none;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="pt-BR" style="font-family: Calibri; font-weight: bold; language: pt-BR; mso-ansi-language: pt-BR; mso-ligatures: none;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="pt-BR" style="font-family: Calibri;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 114%; margin-bottom: 10pt; text-align: justify;">
<span lang="pt-BR">Sempre em frente também é o conselho que lhe dou, mas prefiro avisar que vou sim ficar para trás. Não vou estar lá no seu futuro glorioso, nem compartilhar seus sonhos, ou ouvir suas dores. Não serei palco para que você atue, nem plateia para te aplaudir. Sem rancor, apenas fico. Fico na impossibilidade da vida. Fico por minha própria covardia e meu medo. Fico porque respeito sua vontade e seus limites. Mas mesmo ficando, meu amor te acompanha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 114%; margin-bottom: 10pt; text-align: right;">
<span lang="pt-BR"><i> (Escrito numa outra vida, muito tempo atrás)</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-weight: bold;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-73051325048930636402013-02-23T07:16:00.000-08:002013-02-23T07:16:18.558-08:00Twiter<a href="https://twitter.com/EdileneGama3" target="_blank"><span style="font-size: large;">@edilenegama3</span></a>Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-38265644917532347372013-02-21T16:20:00.002-08:002013-02-21T16:20:31.038-08:00Crônicas de quem aprende - experiências de quando eu trabalhava em sala de aula<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>O menino no armário<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Bonito. Alto para a sua idade.
Estranho. No primeiro dia, me disseram que fazia cocô e xixi na roupa, ou no
chão da sala. Um nojo. Podia também ser perigoso. Tomava muitos remédios. Não
podia facilitar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele não me olhou, nem quando
chamei seu nome. AUTISTA (escrito a lápis no diário de classe). Permaneceu sentado.
Seguiu a fila para a merenda. Fez cocô no chão da sala durante o recreio. Aceitou
ser asseado. Permaneceu sentado. Foi embora com sua mãe.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eu? Me assustei. Depois me
assustei mais. Depois quis gritar socorro. Depois resolvi tentar. Depois me
encantei. Me desencantei. Depois me encantei de novo. Aceitei. E senti saudades. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Estava revoltado porque havia
mudado de casa e amava uma mangueira, onde às vezes ficava até anoitecer, em
cima de um galho. Tomava remédios. Autismo, diziam. Ficava muito irritado em
algumas ocasiões. Não demonstrava afeto e não interagia. Informações que a mãe
me passou sobre o filho. O pai não havia aguentado a pressão e abandonara os
dois quando ele tinha cinco anos. Agora estava com quase doze.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Havia dias em que ele era todo
apatia, outros agressividade calada. Ocasiões em que se punha a falar e notei
que repetia as falas de um programa televisivo sobre planetas. Adorava esses programas,
mas a fala era uma repetição literal e monocórdica. Quando parecia estar
ausente, era presença garantida dentro do armário da sala. E me punha em
desespero quando resolvia bater a cabeça na parede.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As outras crianças apontavam. Eu
explicava. Tentava ignorar comportamentos e estabelecer contato. Dois ou três
dias depois de falar sobre um tema em sala, ele poderia repetir minhas palavras
exatas com a voz incômoda aos meus ouvidos. Parecia gostar quando eu levava
revistas com tema sobre os planetas, ou sobre animais. Olhava durante muito
tempo e eu sentava ao lado dele e falávamos sobre as imagens. Não. Eu falava e
ele talvez ouvisse. Recortava as revistas. Copiava do quadro em algumas
ocasiões. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dia quebrou com um chute o
nariz de um colega de sala, que era muito atrevido e metido a engraçadinho. Foi
tão rápido, enquanto eu escrevia no quadro, que nunca soube exatamente como
aconteceu. A mãe do menino quis iniciar um movimento para tirar aquele perigoso
aluno da escola. Fui a casa dela, conversei e fomos contornando a situação. Carlos
continuava.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dia adoeci, faltei ao
trabalho. No outro dia ele me trouxe uma plantinha. Um mato, para ser exata.
Colocou sobre minha mesa. Você estava doente, me disse. Chorei. Tentei
abraça-lo, mas ele não permitiu. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Carlos mudou-se antes do segundo
semestre. Guardei aquele matinho em meu coração para sempre.<o:p></o:p></div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-68365116008475352102012-01-15T11:19:00.000-08:002012-01-15T11:19:15.755-08:00Um ano para se viver hoje<div style="text-align: justify;">
Não fiz lista de intenções para 2012. Este ano quero só fazer o melhor que puder a cada dia, por mim e por quem estiver ao meu alcance. Quero amar hoje. Ser feliz hoje. Ter sucesso hoje. Rir hoje. Chorar hoje. Viver hoje. Não quero promessas de amanhãs. Não quero menos que a eternidade em cada minuto e a sensação de que não há outro dia para ser. </div>
<div style="text-align: justify;">
Que o banquete e a mesa farta, cheia de amor e paz seja hoje. Que o amanhã seja hoje. Não quero passado, nem futuros. Hoje tenho muito para viver. Amanhã é o dia dos que nunca chegarão e eu não tenho tempo para esperas, hesitações, indecisões e passos lentos.</div>Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-63126352622146382632011-11-23T17:42:00.001-08:002011-11-23T18:57:36.760-08:00AUTO AJUDA BARATA<br />
<div style="text-align: justify;">
Nunca se entregue inteiro a quem te retribui apenas com metade. O equilíbrio é essencial em tudo nesta vida, quando você oferta demais e recebe de menos é hora de parar e repensar essa relação, seja ela do que for: amor, amizade, etc. Se você insiste em permanecer neste relacionamento desigual, certamente está investindo na dor, no não crescimento, na desventura e deixando de lado as possibilidades de outras coisas boas que podem vir a acontecer bem ali, naquela esquina inesperada da vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Geralmente a parte que recebe menos se sente de alguma forma não merecedora da reciprocidade e do equilíbrio daí decorrente, mas acredite, não há nada de errado com você. Temos que aceitar que algumas pessoas simplesmente não possuem capacidade de alimentar uma relação satisfatória com outras, elas sempre deixam a desejar. São colecionadoras de relações frustradas, transitórias e rasas com diversas pessoas antes de você. Nada vai mudar esse ser humano, ele é coxo emocionalmente por algum motivo, mas se você não for terapeuta, esqueça-o. Mude o foco.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Parece absurdo porque esquecer não é fácil, o indivíduo em questão também possui qualidades que o tornam atraente aos seus olhos, mas observe que elas são superficiais, sempre. É uma ilusão, truque de mágica e se você olhar bem de perto vai perceber que os indícios estavam ali desde o início, como uma sombra ali, uma ponta acolá, sinais mal disfarçados que você insistiu em ignorar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Receita para se desvincular desta relação não existe, mas tudo que siga na direção de desmistificar o conceito de que este outro é merecedor do seu afeto pode ajudar. Então vale desde fazer listinhas de defeitos até check-list de todas as vezes em que foi decepcionado. Quando o cérebro resolver mostrar uma sessão da tarde de algum raro bom momento, tenha pronta a sua própria cópia do filme de terror que ocupa a maior parte das sessões do cinema de vocês. Vai por mim, você se desvencilha deste atraso na sua vida. Quem está acima no caminho da evolução, não deve voltar para buscar alguém que ainda está abaixo na escala evolutiva. Não atrase seus passos e você encontrará alguém que caminha no mesmo nível que você em algum ponto da estrada. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-60153045855543955812011-11-14T11:25:00.001-08:002011-11-14T13:39:00.383-08:00AGRADECIMENTO<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="text-align: justify;">Estas fotos são um agradecimento a T. que me enviou maravilhosos livros de presente. Sei que ele se chateou com a greve dos Correios porque estava ansioso por cumprir sua palavra e foi além, prometeu dois e enviou quatro. E como tudo vem a seu tempo, este mimo chegou num momento em que estou precisando de afagos e mais que livros, eles são carinho, ternura, amizade e presença. Perdoe me o silêncio de tantos dias e receba minha gratidão. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmbS0QexNAPC8zUvN51KKpUS3DdLS_mpQNaJ_-uJg5sQnB2cS0bIIcUkRkeoiDpQ2UFmWmArwP_Qf9ArGjtQQqaVG7-O5clWr9Dlo7u50WCtNtW2QRUnPv-k0gZsgkOqHqb48mImOvTQs/s1600/livros.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmbS0QexNAPC8zUvN51KKpUS3DdLS_mpQNaJ_-uJg5sQnB2cS0bIIcUkRkeoiDpQ2UFmWmArwP_Qf9ArGjtQQqaVG7-O5clWr9Dlo7u50WCtNtW2QRUnPv-k0gZsgkOqHqb48mImOvTQs/s400/livros.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwo7_BRd_oID5tWY1WzlR3JsFrUhQ1cHdZTWtLsmBd9qEZBW1M7BaTPSYSoHX9cYvjmR5M2T_CdsiP-sNGC3IlsrHyQbAW3JUFWK-nmRS1F25nt7TD3veAcYNo6WWZ8Q65On91y8hyphenhyphenrDI/s1600/livros2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwo7_BRd_oID5tWY1WzlR3JsFrUhQ1cHdZTWtLsmBd9qEZBW1M7BaTPSYSoHX9cYvjmR5M2T_CdsiP-sNGC3IlsrHyQbAW3JUFWK-nmRS1F25nt7TD3veAcYNo6WWZ8Q65On91y8hyphenhyphenrDI/s400/livros2.jpg" width="400" /></a></div>Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-77006215730744141962011-11-12T16:10:00.001-08:002014-03-27T10:45:34.392-07:00A CORDA SOBRE O ABISMO<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Perto do meio dia o céu estava escuro, denso, baixo. O ar abafado sufocava e condizia com a tristeza embolada em minha garganta. Queria me esconder, queria fugir do medo tão denso e baixo quanto as nuvens carregadas que poderiam se quebrar e desabar num temporal a qualquer segundo. Caminhei para casa com passos miúdos e rápidos, toda a papelada apertada contra o peito num envelope marron, amarrotado, cheio dos piores fantasmas. Outro pequeno envelope continha promessas de felicidade e ternura, mas era tão leve que mal se percebia. Temia encontrar algum conhecido, mas felizmente a iminencia da tempestade de verão mantinha as pessoas na segurança de seus lares.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não olho para os cachorros que saltitam a minha presença. Eles farejam a indiferença e voltam a suas cachorrices anteriores. Destranco a porta e uma corrente de vento entra comigo, ao mesmo tempo em que o céu desaba num fervor de vento, água e raios. Enquanto escancaro as janelas, observo a correria pela vizinhança, todos se trancam para evitar o aguaceiro. Devo parecer louca. D. Cotinha grita algo que não consigo entender, por causa do barulho e da exuberância das forças da natureza. Recebo uma rajada de água fria no rosto e acolho isto como se buscasse a força que está além de mim para enfrentar o medo que esmaga meus pulmões.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Sem me importar por estar parcialmente encharcada, acendo o pequeno fogareiro e penso em queimar todo o conteúdo do grande e ameaçador envelope marron. Observo as chamas azuladas e vagarosamente estendo a mão para alcançar a vasilha com água e preparar um chá solitário. Deposito a xícara azul clarinho com florzinhas amarelas sobre a bancada delicadamente, sentindo a segurança que esse simples gesto me traz por saber que aquela louça esta na família a muito tempo, parte de um jogo de chá que pertecera a minha avó. Sei que não é racional esse sentimento, mas é como se a eternidade estivesse contida naquela xícara tão frágil e capaz de durar tanto. E não uma simples eternidade, mas uma eternidade boa, doce, aromática como chá de morango.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Chá de morango. Você pode enfrentar quase tudo após uma boa chávena de chá de morango, encorpado e perfumoso. Escolho cuidadosamente o sache, aproximo-o do nariz para sentir -lhe a validade. A marca é boa, mas o cheiro que exala do sache tem que estar íntegro para garantir que a qualidade e o sabor estarão inalterados e pensar nestas coisas do cotidiano me parece extremamente agradável agora.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ouço o previsível e reconfortante chiar da água, murmurando que está no ponto. Antecipo o prazer da degustação, enquanto derramo o líquido na xícara e o sache solta aroma e sabor espalhando um veio colorido que aos poucos funde-se a água, deixando de existir ambos para dar origem ao chá fumegante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Carrego a xícara entre as mãos em concha, para aquecê-las. Puxo a manta da poltrona e enrolo sobre meus ombros. Diante de meus olhos, emoldurada pela janela, a tempestade lança as árvores de um lado para outro tentando arrancá-las, mas elas resistem. O espetáculo me fascina, me faz prender a respiração, sinto um nó na garganta. Não sei por quanto tempo apenas observo, mas os ventos diminuem e dou me conta de que apenas a chuva chora sobre a terra. Tenho finalmente lágrimas em meus olhos. Choro junto com a natureza, ou ela chora comigo, não tenho como sabê-lo, mas também eu sou parte deste ciclo de vida e morte que todos os dias tão banalmente se repete no planeta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Os envelopes estão ainda sobre o aparador e tomo chá de morango em goles súbitos que descem quentes em minha garganta, enquanto as lágrimas rolam mornas sobre minha face. Tantos extremos e possibilidades ambos escondem: no pequeno há um presente dele, uma promessa de recomeço, no outro a possibilidade da dor e do fim, ovo de víbora. O chá parece perder o sabor e alcanço o envelope com uma das mãos. Está meu nome, digitado em fonte times new roman, justo esse modelo de letra, que nunca me agradou. Acho que pensar nesses detalhes insignificantes agora é um modo de não pensar no conteúdo. Parece leve demais, para uma importancia tão grande. Fico furiosa comigo mesma: como posso me deter em leviandades? Esperava que fosse um compêndio ou um tratado? Atiro longe o maldito envelope, entro no chuveiro e ainda vestida sinto a água morna escorrer pelo meu corpo, enquanto soluço, em mais uma tão familiar crise de autopiedade que se abate sobre mim nos últimos meses.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="background-color: #fff2cc; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 15.6pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-size: 11.5pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não sei quanto tempo passei chorando,
nem em qual momento a decisão foi tomada e o chuveiro desligado. Enxuguei e
observei meu corpo, com uma calma estranha, olhando aqueles braços finos como
se não fossem meus. Todas aquelas marcas. Uma história capaz de estourar a
caneta e fazer sobrar na pele os traços arroxeados, esverdeados, amarelados,
quase um arco-íris.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: #fff2cc; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 15.6pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: #fff2cc; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 15.6pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-size: 11.5pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Organizo primeiro a frasqueira. Tantas
pílulas que sobra pouco espaço para os produtos de beleza, que de qualquer
forma, quase nunca me lembro de usar. Depois a mala. Decido que a quero leve. Nada
que me faça perder tempo, apenas o necessário para manter-me aquecida e a salvo
de olhares especulativos. Somente um livro, que depois de lido, substituirei
por outro em um sebo qualquer.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: #fff2cc; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 15.6pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: #fff2cc; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 15.6pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-size: 11.5pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Para a doutora, um bilhete e a
devolução do envelope grande. Chega de tratamentos, não me importa se reduziu,
se diminuiu, não quero saber. Seis meses lutando, variando a paisagem entre uma janela
de hospital e outra, observando as cores dos remédios, vomitando minha alma e fazendo planos para
quando ficar curada. Nada de novo aconteceu e dentro de mim ainda mora meu
inimigo número um. Então, cara doutora, por enquanto, a dor ainda é controlável
e consigo viver. Retornarei para os
cuidados finais. Antes disso, viajarei pelo mundo. Cantarei em volta de uma
fogueira, dançarei, irei num karaokê, tomarei banho de chuva, farei amor. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: #fff2cc; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 15.6pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-size: 11.5pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Por alguns segundos, penso na reação
de minha médica e amiga. Mas sei que a ruga na testa, se transformará em um
sorriso, porque ela conhece minha determinação e acredita em minha cura tanto
quanto acredita num macaco falante que lê o futuro. Coloco o grande envelope
lacrado, dentro de outro, endereçado ao consultório. Deposito na caixa de correio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: #fff2cc; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 15.6pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: #fff2cc; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 15.6pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-size: 11.5pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Abro gentilmente o pequeno envelope,
como se o conteúdo pudesse escapar. E de fato, ele voa como uma andorinha pela
sala. Meu cruzeiro. O nosso cruzeiro. Chamo um táxi. Fecho tudo. Aviso D.
Cotinha que não precisa me vigiar mais. Parto para a vida. A morte vai ao meu lado, mas quem se importa?
Vou morrer, vivendo.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-38071881667008340192011-10-30T14:58:00.000-07:002011-10-30T15:00:10.894-07:00CARTAS1 . CARTA DE KHALIL GIBRAN A MARY HASKELL<br />
<br />
<br />
10 de Septiembre de 1920<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Para vivir es necesario coraje. Tanto la semilla intacta como la que rompe su cáscara tienen las mismas propiedades. Sin embargo, sólo la que rompe su cáscara es capaz de lanzarse a la aventura de la vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esta aventura requiere una única osadía: descubrir que no se puede vivir a través de la experiencia de los otros, y estar dispuesto a entregarse. No se puede tener los ojos de uno, los oídos de otro, para saber de antemano lo que va a ocurrir; cada existencia es diferente de la otra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No importa lo que me espera, yo deseo estar con el corazón abierto para recibir. Que yo no tenga miedo de poner mi brazo en el hombro de alguien, hasta que me lo corten. Que yo no tema hacer algo que nadie hizo antes. Déjenme ser tonto hoy, porque la tontería es todo lo que tengo para dar esta mañana; me pueden reprender por eso, pero no tiene importancia. Mañana, quién sabe, yo seré menos tonto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cuando dos personas se encuentran, deben ser como dos lirios acuáticos que se abren de lado a lado, cada una mostrando su corazón dorado, y reflejando el lago, las nubes y los cielos. No logro entender porqué un encuentro genera siempre lo contrario de esto: Corazones cerrados y temor a los sufrimientos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cada vez que estamos juntos, conversamos durante cuatro, seis horas seguidas. Si pretendemos pasar juntos todo este tiempo, es importante no tratar de esconder nada, y mantener los pétalos bien abiertos. Yo te amo Mary, Khalil</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
La relación entre tu y yo es lo más hermoso que me ha sucedido en la vida. Es la cosa más maravillosa que yo haya conocido en cualquier vida. Es eterna.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De: "El Diario de Mary Haskell" , Septiembre 11, 1922.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2 DE LORD T. PARA ISABEL DE ORLEANS</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Cara Senhora D. Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O momento faz com que eu tenha que me ausentar do reino por uns dias e antes da partida sinto vossa ausência na minha carne. Sei que compreendes a urgencia que se apresenta e a relação com o delicado momento em que vive este vosso vassalo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não ouso levantar meus olhos antes de partir e nem derramar uma lágrima para não deixá-la na mais atroz agonia. Mesmo não podendo vê-la, tão logo meu navio atraque em algum porto escrever-te-ei outra missiva, com toda certeza ainda mais saudosa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Procurarei aproveitar a viagem e voltarei ainda mais cheio de amor e dedicação a vossa pessoa, com quem partilharei cada sorriso, cada delicadeza e cada sonho.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não tenhas cuidados, porque sou o mais leal e fiel dos súditos e não tenho olhos senão para vossos olhos e boca senão para teus beijos, oh doce Isabel. Saberei compensar minha ausência, tendo os mais extremosos cuidados e sendo cioso de vossos desejos, rainha de minha alma, musa da minha inspiração e devoção. Ouso pedir lhe apenas que não esqueça deste servo de teu afeto</div>
<div style="text-align: justify;">
Lord T.</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-10780386878325174522011-10-27T15:44:00.000-07:002011-10-27T15:45:55.290-07:00<div style="text-align: justify;">
Que fique bem claro a todos que sou uma pessoas muito boba. Quando estou feliz, sou mais boba ainda. E não precisa ser uma felicidade grande para me colocar no mais alto grau de bobeira, a ponto de ser facilmente confundida com uma pessoa bêbada. Às vezes basta uma boa música enquanto cozinho e me ponho a dançar com batatas, cebolas e tomates. Então, imagine como estou boba por saber que vou rever meus amigos, por poder estar com minha irmã, por ter visto a caçulinha na web, por mamãe me ligando toda semana para recomendar que eu me alimente bem, por ter gente linda que me envia torpedo logo cedo desejando bom dia, por gente linda que vai tocar e cantar para mim e por tanta coisa junta, que me faz sorrir hoje e sempre, com a sensação de que sou abençoada. Então, apesar de tudo, o ET e outros momentos dolorosos que vivi nestes dias recentes me aproximaram ainda mais das pessoas amadas e me deixaram mais boba do que nunca; sou grata por isso.</div>Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-37299479830373540182011-10-23T07:59:00.000-07:002011-10-23T07:59:32.540-07:00Grey's Anatomy<div style="text-align: justify;">
Eu não assisto TV, mas se tem algo que sinto falta são as minhas séries favoritas. Grey's Anatomy é uma das mais mais, por suas falas incríveis, seus personagens confusos e bem elaborados. A Dr. Yang é minha favorita: competitiva, viciada em ser a melhor no seu trabalho, seca, direta. E hoje lembrei de uma frase dela, que vem bem a calhar: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px;"><em style="font-style: italic; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><b><u>Se você quer que merdas parem de acontecer com você, então pare de aceitar merda e exija outra coisa.</u></b></em></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 14px; line-height: 21px;"><em style="font-style: italic; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><b><u><br /></u></b></em></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 21px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Ainda compro os dvds de todas as temporadas...</span><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: 14px;"> </span></i></span>Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-20312077928362298912011-10-23T07:32:00.000-07:002011-10-23T07:32:12.822-07:00Presente de domingo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://3.gvt0.com/vi/Kye_O-l6uMc/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Kye_O-l6uMc&fs=1&source=uds" />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Por alguns minutos eu gostaria de ser a Nara, só para ter um olhar lindo do Chico derramando-se sobre mim...Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-44216281973623655802011-10-23T07:23:00.000-07:002011-10-23T17:54:01.260-07:00Tome um pileque de rivotril.<br />
Morda a língua.<br />
Corte os pulsos.<br />
Uive para a lua.<br />
Mas não fale.<br />
<br />
Se tiver<br />
tomado vinho barato.<br />
Com a maquiagem borrada.<br />
Ouvindo vozes estranhas.<br />
Vá ao banheiro e vomite.<br />
Não fale.<br />
<br />
Mas se você falou,<br />
Não espere amanhecer,<br />
vista sua dignidade,<br />
calce sua vergonha,<br />
coloque o amor próprio na mochila<br />
e fuja para as montanhas.<br />
<br />
Não encare mais,<br />
Atravesse a rua,<br />
olhe para o lado,<br />
finja que não viu<br />
e não estenda a mão.<br />
Não pare!<br />
Não olhe para trás.<br />
<br />
<br />Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-58387454009178617042011-10-22T15:46:00.001-07:002011-10-22T15:52:29.168-07:00CATS<div style="text-align: justify;">
Caminhávamos traquilas e alegres pela rua, Geovanoca e eu, quando um amigo grita: "coloque coleira porque é um cachorro". Um olhar de relance, sem entender e ele me aponta o gato me seguindo. Explico que não é meu, mas o gatinho, não sei se macho ou fêmea, insiste, se enrosca em minhas pernas, quase me faz cair. A menina sapeca que se esconde em mim acha graça, sorri, conversa. Dois quarteirões adiante e o bichinho ainda me acompanha. Não o incentivo pois a quota de animais em minha casa extrapolou faz tempo. Cerca de um quarteirão antes da minha casa, o entregador do supermercado onde faço compras sorri ao ver a cena e pergunta se é meu. Na casa em frente, uma senhora lava a calçada fazendo uma cachoeira. Aproveitamos a deixa e apertamos o passo. Uma hora depois de chegar em casa, ouço a inquietação dos cães e vou ver o que está acontecendo. Espantada observo o gatinho, chapiscado de água, adentrando pela fresta da cerca. Chega como se soubesse o caminho. Volto para a pia, me fingindo indiferente ante aquela insistência. Ele entra em casa e deita se aos meus pés. Continuo atacando a louça, mas cheia já de uma ternura infantil, pensando que ele deve estar com fome. Rsisto em alimentá-lo para que ele não queira morar aqui, afinal esta casa não é um abrigo. No entanto, quem me conhece é capaz de adivinhar que a resistencia não durou quinze minutos. Alimentei-o sob os protestos de Farelo, o gato da casa, que tentava impedir a todo custo. Agora, enquanto escrevo, ele (que meu filho diz que é ela) está deitado aos meus pés, adormecido. Vocês não imaginam que olhos azuis lindos ela tem. Agora estou numa situação difícil: amo cachorros. Tenho um gato porque Geovana ganhou de presente e hoje esta criatura me aparece do nada, sem pedir licença, como se tivesse todo o direito. Vou ter que procurar o dono, mas e se não encontrar? Como abandoná-la novamente? O que faço com esse meu coração? Confessa que não é coisa mais linda do mundo ser seguida por um bichano fofo, sem provocação, sem necessidade. Um amor de graça, como renegar?</div>Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-46644880287618861672011-10-07T18:16:00.000-07:002011-10-07T18:16:53.220-07:00Oração<br />
<div style="text-align: justify;">
Os passos de outubro avançam no caminho de 2011. Que traga paz, toda a paz de que preciso. Que seja doce, plagiando Caio Fernando... Que minhas estações se reconciliem com as da natureza, porque estou invernando enquanto o ano primaverece. Que minhas forças para realizar sejam cada vez maiores e que as realizações tragam o bem. Que qualquer dor deixe uma lição e se vá, ou apenas se vá. Que os frutos brotem, cresçam e amadureçam com sabor. Que eu saiba contemplar e receber. Que eu receba na minha morada a prosperidade e a alegria, com a alma lavada, estendida ao sol, tremulando ao vento. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-8662661277596501692011-10-01T07:29:00.000-07:002011-10-01T07:35:31.749-07:00Para A. M.Porque Clarice sempre consegue expressar-nos melhor que nós mesmos. Mas somos companhia, não estamos sós. Você nem imagina o quanto foi um milagre para mim ontem. Obrigada.<br />
<div class="listitem" style="color: black; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; padding-bottom: 1px; padding-left: 5px; padding-right: 5px; padding-top: 5px; zoom: 1;">
<h3 class="smller" style="color: black; font-weight: 700; line-height: 16px; margin-bottom: 0px; margin-left: 84px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: #ffe599; font-family: 'Courier New', Courier, monospace; font-size: small;">Carta de Clarice-1947-Berna-Suiça</span></h3>
<div class="para" style="color: black; margin-bottom: 0px; margin-left: 84px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 3px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 2px; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: #ffe599; font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"><span class="Apple-style-span">" Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de continuar a mesma. Até cortar os </span>defeitos<span class="Apple-style-span"> pode ser perigoso -nunca se sabe qual o defeito que sustenta o nosso edifício inteiro...há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Quase 4 anos me transformaram muito.Do momento em que me resignei, perdi toda vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força.Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você- não copie uma pessoa ideal, copie você mesma- é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu,uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não ia ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma.</span></span></div>
</div>
<div class="listdivi" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: transparent; background-image: initial; background-origin: initial; clear: both; color: black; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 1px; height: 0px; line-height: 1px; margin-bottom: 1px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 1px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
</div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-35513940907984393362011-10-01T07:11:00.000-07:002011-10-01T07:38:25.459-07:00MEUS FILHOS ENSINARAM-ME SOBRE ESCOLA<div style="text-align: justify;">
Três histórias que me ensinaram muito sobre o processo de escolarização e suas falhas.</div>
<div style="text-align: justify;">
1. Joyce, minha primeira, quando passou da quarta para quinta série se deparou com o abismo existente entre o currículo das séries iniciais e as exigências das séries finais do fundamental. Uma vez tirou nota baixa em Geografia, ao ver a prova, perguntei se ela não sabia o que era espaço geográfico, porque havia deixado a questão em branco. </div>
<div style="text-align: justify;">
_ Espaço geográfico eu sei, mas não sei o que é defina. Nunca vi esta palavra, mãe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2. No mesmo ano, próximo a julho, observo-a enquanto faz uma tarefa de Ciências. Pergunto o que está fazendo e ela diz que é um resumo. Indago sobre como se faz o resumo. </div>
<div style="text-align: justify;">
_ É só copiar um pedaço e pular outro...</div>
<div style="text-align: justify;">
Já estarrecida, pergunto quem lhe orientou na brilhante técnica e o que ouço é ainda pior:</div>
<div style="text-align: justify;">
_ A Ana, porque ela já reprovou três vezes, é a maior da nossa turma. Quando eu estudava a quarta ninguém falava em resumo, agora todos os professores pedem para fazer, mas nenhum ensinou. Não sei como eles esperam que a gente saiba.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
3. Alexandre no pré. A professora reclama que ele sempre deixa as tarefas incompletas. Vou tomar satisfação e fico sem fala.</div>
<div style="text-align: justify;">
_Mãe, se eu já aprendi a fazer o número dois na segunda linha, por que tenho que encher esta folha até embaixo? Acho que a professora faz isso só porque ela está com preguiça de passar outra tarefa...</div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-3822446522938579992011-09-30T14:04:00.000-07:002011-09-30T14:04:38.860-07:00Pra valer uma vida inteira<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/ahki5tZ0XZc?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><b>Porque esse belo exemplar da espécime recitando um poema da musa, salva o fim de semana.</b></span></div>
Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9009597240306083715.post-50261544392157459072011-09-24T14:50:00.000-07:002011-09-24T17:41:08.749-07:00UM FINAL DE SEMANA PARA SE VIVER<div style="text-align: justify;">
E o verbo é SER. Sentir que me transformo e renasço, neste breve intervalo de tempo, enquanto os que estão ao meu redor julgam que apenas estou parada, contemplativa, sempre me fascinou. Nunca durei muito, mas posso garantir a eternidade de todas as que já fui, nas memórias e sensações que ficaram. As melhores versões de mim mesma foram as que menos duraram. Estava certo quem disse que, a eternidade cabe em um grão de areia, ou numa fração de segundos. Retiro as cascas, os restos da outra e sigo em frente, sem saber quanto tempo terei. Viver é uma delícia, mesmo quando dói.</div>
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E deixo um link maravilhoso para quem gosta de poesia, o blog de <a href="http://carinemorandi.blogspot.com/">Cáh Morandi</a>.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="background-color: orange;">Nada em mim foi covarde,</span></div>
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<span class="Apple-style-span" style="background-color: orange;">Nem mesmo as desistências:</span></div>
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<span class="Apple-style-span" style="background-color: orange;">desistir, ainda que não pareça,</span></div>
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<span class="Apple-style-span" style="background-color: orange;">foi meu grande gesto de coragem.</span></div>
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Cah Morandi</div>
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Orientadorahttp://www.blogger.com/profile/00990079329670252779noreply@blogger.com0