Tarde sufocante e céu nublado, por volta de quatro da tarde
entrei num coletivo rumo ao centro de Porto Velho. Não havia lugar para sentar
e à medida que o ônibus avançava novos passageiros me empurravam em
direção à porta de saída. Já bem próxima, ouço : “...sua tristeza é tão exata e hoje em dia é
tão bonito...”.Busco o dono da voz e do atrevimento de
cantar no busão lotado, quando percebo que é o motorista quem canta enquanto manobra
o volante. Cúmplice da ousadia, acompanho “...já estamos acostumados a não termos
mais nem isso..” Antes do ponto em que eu ia descer, ainda
cantamos Monte Castelo e um trecho de Teatro dos Vampiros. Sorrimos um ao outro
com cumplicidade na despedida e quando novamente olhei o céu, o sol se punha
numa alegria primaveril, dourando as nuvens.
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