segunda-feira, 15 de abril de 2013

O encantador das tardes


Tarde sufocante e céu nublado, por volta de quatro da tarde entrei num coletivo rumo ao centro de Porto Velho. Não havia lugar para sentar e à medida que o ônibus avançava novos passageiros me empurravam em direção à porta de saída. Já bem próxima, ouço :  “...sua tristeza é tão exata e hoje em dia é tão bonito...”.Busco o dono da voz e do atrevimento de cantar no busão lotado, quando percebo que é o motorista quem canta enquanto manobra o volante. Cúmplice da ousadia, acompanho “...já estamos acostumados a não termos mais nem isso..”    Antes do ponto em que eu ia descer, ainda cantamos Monte Castelo e um trecho de Teatro dos Vampiros. Sorrimos um ao outro com cumplicidade na despedida e quando novamente olhei o céu, o sol se punha numa alegria primaveril, dourando as nuvens.  

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