segunda-feira, 12 de abril de 2010

A ENCANTADORA DO VENTO

Estávamos quietos, num silencio cúmplice, quando ele começa a assobiar. Sua fisionomia é a de quem  se ausentou do presente e aquele som parece vir de muito longe .  Ao terminar, seu olhar é o de quem  está prestes a desembrulhar um tesouro:
- A mãe costumava chamar o vento com um assobio.
Fora a muito tempo, explicou,  quando todos ainda eram crianças e ajudavam-na com a lida  no campo. Sempre que abanava o feijão na companhia dos filhos e  o vento  sumia, ela o buscava de volta assobiando docemente.
Outro silêncio, acompanhado de um suspiro intenso e ele completa:
- Mas acho que era só porque naquele período do ano a brisa era muito comum na região.
Tento dizer alguma coisa e no entanto uma emoção contida me escorrega pela alma. Imagino que o vento realmente desaparecia de propósito para escutar aquela melodia, escondia-se entre as árvores como um moleque travesso, misturando seu riso ao das crianças e provando ao mundo que as boas mães possuem poderes sobrenaturais.

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